Há controvérsia de que só se ama uma vez na vida.
Ah! Mas o assunto não é esse.
Relendo um trecho do livro de Lilly Marinho, que faleceu ontem à noite, fiquei emocionada.
"Desejo àqueles que algumas vezes perdem a esperança na vida, nos sentimentos, nos homens e nas mulheres, que se lembrem da existência do milagre. O que vivi, o meu milagre, foi, sem dúvida, mais excepcional, mais luminoso, mais forte que os que me haviam sido narrados, mas também é a prova de que é preciso acreditar que a vida pode nos trazer a felicidade, quando já não mais a esperamos ou, até mesmo, quando não mais a julgamos possível. É verdade: o que a vida nos dá ela toma, voraz, nos deixando desamparados na mesma proporção em que nos tiver mimado."
O amor é um milagre!
Deixo vocês com quem bem sabia disso,
O amor antigo:
O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
Carlos Drummond de Andrade
Feliz Amor, feliz ano!
Cris