quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Por Cláudia Santa Rosa!

Entrevista concedida por Cláudia Santa Rosa para a Aquifolium Educacional sobre a sua experiência na Escola da Ponte em Portugal.

1- Você passou um bom tempo na Vila das Aves, observando a Escola da Ponte. Quanto tempo você passou lá? O que foi fazer lá? Isto é para situar nossos leitores sobre o contexto da sua pesquisa.

Cláudia - Eu fiquei 06 meses a acompanhar o cotidiano da Escola da Ponte. Na oportunidade, além das observações e da recolha de documentos, realizei 19 entrevistas com Pais/Mães de Estudantes, com o Presidente da Comissão Instaladora, com o idealizador do Projeto e com um grupo de Orientadores Educativos (é assim que os professores são chamados e nesse grupo incluem-se, também, as Coordenadoras dos Núcleos, o Coordenador do Projeto "Fazer a Ponte" e a Psicóloga). Produzi um conjunto de dados que subsidiarão a elaboração da minha tese de doutoramento em educação, a ser defendida até o mês de maio de 2007. Enquanto estive em Portugal a minha ligação acadêmica foi com a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, sob a orientação do Professor Doutor Rui Trindade.

2- A realidade educacional e social brasileira e portuguesa são bem diferentes. Não foi sempre assim. Há coisa de 30 anos, justamente quando a Escola da Ponte começou a desenvolver o tipo de trabalho que desenvolve hoje, Portugal tinha acabado de sair de uma ditadura, 80% da população vivia na linha ou abaixo da linha de pobreza. A história recente de Portugal é de crescimento econômico conjugado a progresso social. Quando a gente compara as duas realidades, portuguesa e brasileira, o que encontramos em comum? E quais as principais diferenças que vocês percebem entre a realidade e o sistema educacional portugues em geral e o brasileiro? Isto é para situar nossos leitores no contexto geral da educação e da sociedade nos dois países.

Cláudia – Indiscutivelmente a história de Portugal divide-se entre antes e depois da Revolução dos Cravos, do 25 de abril de 1974, que pôs fim à ditadura de António de Oliveira Salazar, iniciada em 1932. O 25 de abril é nome de ruas, de pontes, de escola, de praça, entre outros, dada a sua importância para aquele país. Hoje, Portugal situa-se entre os paises emergentes e é aí que percebo como sendo a principal aproximação com a realidade brasileira, pois não há como compararmos os dois paises, por exemplo, em termos de aspectos demográficos, sobretudo, pela desproporção territorial, desencadeadora de outras diferenças. Entretanto, notadamente, um grande percentual da população brasileira ainda reclama o atendimento às suas necessidades básicas e isso nos impõe um enorme atraso. No que diz respeito aos sistemas educacionais dos dois países, um dado faz uma enorme diferença: a escola pública estatal portuguesa não é a escola de quem não pode pagar a particular, como acontece no Brasil. Lá, a escola particular é de fato uma alternativa, utilizada por menos de 4% da população. Pelas baixas taxas de natalidade, em Portugal, salvo raras exceções, não há escolas e nem salas de aula superlotadas, inclusive tem-se verificado o fechamento de algumas, por falta de alunos. Já no Brasil há muitos casos de escolas ociosas pela baixa qualidade do seu desempenho e/ou por terem sido edificadas em bairros que já não existe demanda. As leis de bases da educação de cada país apresentam as suas especificidades, assim como as orientações curriculares nacionais, mas percebo que a lei brasileira permite mais abertura para a vivência de projetos políticos-pedagógicos diferentes, voltados para a formação do cidadão. Ressalto que o Brasil está bem mais a frente quanto à aceitação da educação escolar como instrumento político de luta pelas transformações sociais, tanto é que em Portugal se diz projeto educativo e não projeto político-pedagógico. No Brasil a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB estabelece que as escolas devem ter autonomia pedagógica e administrativa para gerir os seus processos, mas impõe instrumentos de controle, que associados à apatia da maioria dos profissionais e das famílias dos estudantes faz com que se tenha uma autonomia apenas na letra. Em Portugal o Decreto-Lei n° 43/89 estabelece que atendidos alguns critérios a escola poderá assinar um contrato de autonomia com o Ministério da Educação, que entre outros avanços confere o direito da escola selecionar os seus profissionais e dispensar aqueles que não atenderem as necessidades do projeto educativo. Beneficiando-se desse Decreto-Lei, em fevereiro de 2005 a Escola da Ponte assinou o seu Contrato de Autonomia, entrando para a história, como sendo a primeira de Portugal. No mais, assim como no Brasil, Portugal vive o problema da falta de estrutura e da escassez de material didático, da baixa assiduidade dos professores, entre outras misérias educacionais, como costumo referir-me à mediocridade do nosso sistema escolar.                
3- Eu passei 6 meses na Vila das Aves, minha filha foi aluna da escola da Ponte. Muita coisa que eu vi acontecendo diariamente lá eu já tinha alguma noção de como era, pois tinha lido nos artigos do Rubem Alves e em algumas materias na imprensa, bem como já tinha ouvido o prof. José Pacheco falar pelo menos 2 vezes aqui no Brasil. Imagino que vocês também. Mesmo tendo já alguma informação prévia, a gente sempre se surpreende ao ver as coisas acontecendo do jeito que acontecem lá. Qual foi o primeiro impacto que cada uma de vocês teve quando chegou na Escola da Ponte, logo nos primeiros dias? O que mais chama a atenção quando a gente chega na Ponte?

Cláudia - a singularidade da construção pedagógica realizada na Escola da Ponte abriga um processo de produção intelectual dos seus atores, em especial do Professor José Pacheco, que talvez só possamos nos dar conta da sua verdadeira importância passado o período de um certo apelo mitológico. O Projeto Fazer a Ponte, tanto no que diz respeito aos princípios quanto às práticas, não deixa de ser tributário de um quadro teórico e conceitual com base em trabalhos de estudiosos do fenômeno educacional escolar e do desenvolvimento humano, entre esses incluem-se Célestin Freinet e os educadores que fazem parte do Movimento de Escola Moderna - MEM. As aproximações entre os princípios e alguns dos dispositivos pedagógicos da Escola da Ponte, com aqueles presentes no trabalho de Freinet e do MEM contribuíram para atenuar os impactos ao tomar contato com o cotidiano da Ponte, haja vista as minhas pesquisas e experiências pedagógicas de 10 anos, utilizando a pedagogia Freinet como referencial. Entretanto, destaco duas coisas: primeiro o peso dado à formação de hábitos e atitudes, imprescindíveis ao cidadão, colocada em posição de igual importância à instrução. Se calhar, como dizem os portugueses, reside aí o segredo que faz da Ponte uma instituição com muito menos problemas de “indisciplina”. Segundo, o empenho dos professores na incansável tarefa de circularem pelos grupos de trabalho a orientarem os alunos em seus trabalhos. Pensei: nossa, eles não sentam nunca! Para que se tenha uma idéia nos espaços não há mesa e nem cadeira para o professor.

4- A primeira coisa que minha filha aprendeu a fazer na Escola da Ponte, foi a elaborar e seguir seu plano de estudos quinzenal. Cada criança lá elabora um, segue este plano, marca objetivos alcançados e os ainda por alcançar. Vocês poderiam contar para nós o que é este plano e como ele é usado no dia-a-dia das crianças na escola?


Cláudia – A Ponte trabalha com dois tipos de plano: o quinzenal e o diário. Eles são um importante dispositivo para favorecer a autonomia das crianças e adolescentes, assim como garantir a pessoalidade. Com os planos perde-se o caráter massificado dos encaminhamentos que marcam outras escolas e ganha-se com a gestão do currículo a partir das necessidades e ritmo de cada estudante. Com exceção das crianças de 6/7 anos que estão chegando à Escola e que ficam num espaço específico, os demais organizam os seus planos quinzenais, contando com a ajuda dos orientadores educativos. Numa grelha eles elaboram, seguindo alguns passos e baseiam-se nos conteúdos que já trabalharam e os que estão por ser trabalhados, tendo em vista os objetivos previstos no currículo oficial para cada disciplina, aliás as relações com os objetivos ficam dispostas nos espaços, separados por disciplinas e também os projetos de pesquisa, estes últimos mais presentes entre os que  estão no Núcleo de Consolidação. Os professores dispõem de mapas onde vão registrado os objetivos já trabalhados por cada estudante e mediam o momento de elaboração do plano quinzenal. Com base no da quinzena nascem os planos diários, que são organizados por cada estudante, no início da manhã e avaliados ao final. Para cumpri-lo, o trabalho se dá através do estudo em livros, manuais, fichas (atividades em folhas), pesquisa na internet, ou seja, os recursos que se mostrarem mais coerentes. Os professores circulam pelos grupos, orientando quando necessário.
     
5- Uma coisa que me surpreendeu quando estive na Ponte em 2004 foi o número de crianças em situação de risco que a escola atendia. Das aproximadamente 250 crianças que lá estudavam naquele ano, cerca de 50 vinham de contextos sociais e familiares bastante problemáticos. Isto me surpreendeu porque eu imaginava que as crianças da Ponte seriam de alguma forma diferentes de outras crianças que a gente tem em nossas escolas no Brasil. O que vocês observaram com relação a isto? Que diferenças e que semelhanças vocês perceberam nas crianças da Ponte em relação a crianças das escolas brasileiras ou mesmo de outras escolas portuguesas?

Cláudia – quando retornei ao Brasil os últimos dados davam conta de cerca de 80 estudantes no Núcleo de Iniciação, 80 no de Consolidação e 60 no de Aprofundamento. Destas 220 crianças e adolescentes, aproximadamente, 30% tem algum tipo de problema, seja de ordem psicosocial, neurológico, orgânico, emocional. Algumas delas têm a Ponte como a última chance, em função de já terem passado por outras instituições. O número crescente de estudantes com tais realidades tem sido motivo de preocupações por parte da comunidade escolar, tanto quanto a representação que tem se construído de que a Ponte é uma escola de “crianças problemas”, quanto pela necessidade da Escola responder, pedagogicamente, às necessidades de todas elas, o que não é tarefa fácil. Excetuando-se o fato de na Ponte as crianças serem oriundas de diferentes contextos sócio-econômicos, à partida, diria que não percebo tantas diferenças entre as crianças da Escola da Ponte e as que estão em nossas escolas brasileiras, mas quanto aos processos de formação, afirmo que são completamente diferentes e, conseqüentemente, os resultados também o são.

6- Quando se observa por um ou dois dias, percebe-se alguma coisa. Quando, porém, se observa por meses, percebe-se mais. Vocês poderiam citar 2 coisas que vocês observaram que dão muito certo na Escola da Ponte? E poderiam mencionar duas grandes dificuldades ou problemas que vocês perceberam que a escola precisa ainda vencer e superar?

Cláudia – Há muitas coisas que dão muito certo e que a Ponte já provou que funcionam, como exemplo posso citar o trabalho solidário, no instante que quebraram com a prática hegemônica da monodocência e em todos os espaços, atuam mais de um professor. Cito também a categoria com que a Escola trabalha os hábitos e atitudes, a formação do cidadão. Percebo que a Escola precisa se abrir para adaptar o projeto à realidade do terceiro ciclo. Por 25 anos a Escola funcionou somente com o primeiro ciclo (até o 4° ano) e a realidade atual é outra, impondo a necessidade de revisão de alguns dispositivos pedagógicos. Um outro aspecto que considero problemático é o grau elevado de dependência intelectual da Equipe, em relação ao idealizador do Projeto.

7- O diferencial da Escola da Ponte em relação a escolas mais tradicionais não está apenas no seu jeito de organizar os espaços e os processos de aprendizagem. Está também nas reuniões semanais da equipe docente, na Associação de Pais, na Assembléia dos alunos. Contem um pouco para a gente o que vocês viram nestas reuniões de professores, de pais e de alunos.

Cláudia – apesar da Associação de Pais da Escola da Ponte ser uma referência em Portugal, não podemos dizer que é uma prática específica da Escola, pois as Associações estão presentes em todo país, assim como assembléias de alunos já são uma prática em muitas escolas e as reuniões semanais da Equipe, que já acontecem em muitas escolas brasileiras. Porém, a tríade Reuniões da Equipe, Assembléia de Alunos e Associação de Pais, no contexto da Escola da Ponte, de como as coisas lá acontecem são categorias do que tenho chamado de Pedagogia da Co-Responsabilidade, pelo caráter de envolvimento de toda comunidade em torno da vivência e defesa do projeto da escola. Acompanhei esses momentos e pude constatar as preocupações de cada segmento e o esforço, sobretudo da Equipe, para serem coerentes em relação ao projeto escrito, cuja prática vive um momento em que há lacunas, que fazem da Ponte um projeto com imperfeições naturais de uma obra feita por muitas mãos.

8- De tudo o que vocês viram lá, observaram e perceberam, o que poderia ser considerado como "a principal lição da Escola da Ponte"? Qual a principal lição que vocês lá aprenderam depois de meses de observação e pesquisa?

Cláudia - Voltei ainda mais convicta de que é possível ser diferente, de que uma escola pública estatal pode ter um DNA, uma identidade, romper com os processos massificados, sustentar-se pela qualidade dos resultados do seu trabalho, pela co-responsabilização da comunidade em torno de um projeto coletivo.

9- "Saudade" é uma das grandes contribuições da cultura portuguesa para a nossa língua. Do que vocês mais têm saudades quando lembram da Escola da Ponte e da Vila das Aves?

Cláudia – tenho saudades de ver a Escola a funcionar, integralmente, sem dispensas de alunos porque o professor faltou, sem dias imprensados, sem engendramentos tão comuns em nossas escolas e até mesmo em outras escolas portuguesas. Tenho saudades do respeito à fala do outro; do colocar o “dedo no ar” quando se deseja falar (desde os pequeninos); da baixa tonalidade das vozes nos espaços de trabalho, permitindo se ouvir a música que toca baixinho; da criança da primeira vez que vai à frente e diz baixinho: “para trabalhar não precisa de tanto barulho. Eu não estou a ouvir a música.” São muitas as lições e as saudades...    

10- - Uma das mais marcantes características da Escola da Ponte é a arquitetura do espaço escolar, sem as tradicionais salas de aulas para 30 ou 40 alunos divididos em turmas por séries. Quais são os espaços da escola e como estão divididas as crianças, se não estão em turmas?

Cláudia – Na verdade digo sempre que a riqueza da arquitetura da Escola da Ponte reside no fato dos espaços serem bem mais amplos do que as nossas salas de aulas brasileiras, permitindo que se tenha bancadas e estantes disponíveis para dispor os materiais necessários ao trabalho, além das mesas e cadeiras, sempre organizadas em grupos. Porém, o que conta mesmo é o espírito, a filosofia, as estratégias de trabalho que marcam o Projeto, pois, como você falou, os estudantes não estão organizados conforme a lógica de turmas por séries, anos ou ciclos. Quando são avaliadas, com base nos objetivos e critérios previstos no perfil do aluno, e demonstram estarem aptas, mudam de um Núcleo para outro. Na unidade em Vila das Aves são quatro espaços para o trabalho dos alunos, metade para o Núcleo de Iniciação (no momento há crianças que estão do 1° ao 5° ano escolar) e a outra metade para o Núcleo de Consolidação (no momento há crianças e adolescentes que estão do 3° ao 10° ano escolar). O Núcleo de Aprofundamento (há adolescentes que estão do 7° ao 11° ano escolar) está funcionando, distante cerca de 15km de Vila das Aves e todas as manhãs um ônibus pára em frente a Escola, em Vila das Aves, para apanhar os adolescentes, retornando no final da tarde. Os dois espaços que atendem ao Núcleo de Iniciação ficam em pavimentos diferentes, com acesso através de uma escada. Em cada um deles existem dois ambientes interligados, pois não há divisórias separando-os. Em cada ambiente trabalham cerca de 27 crianças e é importante destacar que as crianças de 6/7 anos, que estão chegando à Escola, ficam agrupadas juntas, para se iniciarem no Projeto da Escola e também trabalharem voltadas para o processo de alfabetização.  Em cada espaço do Núcleo de Consolidação trabalham 40 adolescentes, enquanto no Aprofundamento as salas são bem menores. Na unidade em Vila das Aves há um refeitório, que não acomoda todos de uma única vez e por essa razão para os mais novos o almoço começa às 12h e para os maiores pelas 12h30. A pequena sala onde ficam as fotocopiadoras e arquivos da Escola tem acesso pelo refeitório, assim como o banheiro que serve aos adultos e a cozinha. No refeitório também ficam vários armários com espaços fechados para cada Orientador Educativo, pois lá não há salas reservadas para os professores. A parte administrativa e a secretaria também funcionam em duas pequenas salas interligadas. Num dos corredores, fixados na parede, estão os cabides com os nomes de cada aluno. Neles são deixados os casacos, guarda-chuvas e sacolas. O pátio é, relativamente amplo e em um dos lados há uma quadra descoberta. Não há biblioteca fora dos espaços, apenas uma estante com alguns livros de literatura infantil, um tapete e algumas almofadas, colocadas num canto, após subir a escada de acesso ao pavimento superior. Também não há sala específica para os computadores, pois eles estão espalhados pelos espaços e são utilizados por estudantes e professores, conforme agendamento. Há muitas escolas públicas estatais brasileiras melhor estruturadas fisicamente e até mesmo melhor equipadas, mas a questão decididamente não é essa, inclusive não é uma questão de quebrar as paredes de alvenaria, mas sim as paredes que estão dentro de cada um de nós. Interessa o que se faz nos espaços, como estão distribuídos os profissionais, como se trabalha o currículo. Na Ponte os coordenadores estão nos espaços a trabalharem com as crianças e todos se ajudam. Logo, é possível cada espaço ter sempre, no mínimo, dois professores.   
Encontro com a Ponte

Em 1996 iniciei os contatos com colegas do Movimento de Escola Moderna – MEM de Portugal e descobri a Escola da Ponte porque passei a ler muitos textos e visitar sites português especializados em educação. Numa dessas, por volta do ano 2000, deparei-me com um texto do José Pacheco e percebi que o projeto da escola que ele falava era muito próximo do referencial de Freinet e do MEM como um todo, objeto de minhas pesquisas e de inspiração para a minha prática como educadora. Fiquei muito interessada pelo fato de se tratar de um projeto exitoso de escola e não de uma sala de aula. Uns dois anos depois, a Escola da Ponte entrou no Brasil com toda força e depois de ler um pouco mais resolvi que seria o campo empírico da minha investigação para a tese de doutorado em educação. Em setembro de 2005 fui para a Ponte e lá permaneci até o início de abril de 2006.

                                                    Foto by Arlen Cristina.