segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Filosofia & Feminismo

Talvez defina-se o feminismo, em filosofia, como o estudo do status da mulher na sociedade quanto a seus direitos e deveres, e do papel social que lhe é adequado.
Foi até o início do século XX, quando cabia inquestionavelmente à mulher ocupações relacionadas, direta ou indiretamente, à maternidade, ou seja, amamentar os recém-nascidos e alimentar e educar as crianças, o que implicava no estafante trabalho de cuidar da casa. Ao homem, cabia prover a alimentação da família com seu trabalho, e ir todo o ano à guerra na qual perdia a vida (havia centenas de ducados, principados, etnias, etc. continuamente em conflito entre si), ou da qual retornava mutilado. Como Ser que é, a mulher, como todos os seres, tem os seus predicados. E lhe é adequado e normal aquilo que condiz de modo lógico.

Esses eram, à época, papeis normais e adequados a ambos, a mulher e o homem, física e mentalmente.

Os movimentos feministas prosseguiram com energia ao longo de todo o restante do século XX. A campanha pelo direito de votar fora uma causa legitimamente feminista, respectiva ao status social da mulher, porém o movimento assumiu várias campanhas que diziam respeito à mulher, mas que não tinham objetos legitimamente feministas, por não afetarem apenas, nem principalmente os interesses femininos.


A campanha pelo direito de abortar, por exemplo, não é legitimamente feminista porque a questão maior é o direito à vida do indivíduo uterino, a começar da questão de a partir de quando no feto existe, de fato, um indivíduo. É o mesmo direito que terá, ou não, um laboratório de inseminação in vitro de descartar embriões não aproveitados.

Na verdade eu acho que todos os dias deveríamos, nós, mulheres, acender uma vela, várias velas e orar por devoção a todas as mulheres que quebraram tabus, que foram à luta, que queimaram sutians, que exibiram barrigão de grávida, que estudaram movimentos com coragem e que principalmente enfrentaram os homens e seus poderes e a sociedade até hoje muito hipócrita. Penso que ainda falta muito. Creio que quando se fala em igualdade em relação a salário, isso pede questionamentos.

"Quando o feminismo está em baixa, as mulheres assumem o papel reativo - lutando isoladamente e quase sempre às escondidas para se afirmarem contra a onda cultural dominante. Mas quando o próprio feminismo se torna a onda, para a oposição a recíproca não é verdadeira: ela finca o pé, agita os punhos, constrói muralhas e represas. E a sua resistência cria traiçoeiras ressacas e conflitantes correntezas."

(Susan Faludi)

Outra coisa - não desistir nunca, essa luta por direitos não acaba, não cessa.

E viva Rachel de Queiróz lembrada e vivenciada pelo seu centenário.
Aplausos de pé à todas as mulheres do mundo que não se calam e denunciam a todas as injustiças que atrapalham seus caminhos, por vezes dando um basta na violência sofrida há anos.

Veia feminista ativada!

Cris.