segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Descrença ou TPM Fora de Época?

Sinceramente, não sei mais no que acreditar. Não sei mais o que é verdadeiro, honesto e o que é de caráter duvidoso. Um aglomerado de dados errados, de elaborações descabidas e por vezes merecidas pra quem acredita muito e duvida muito também. Falo de um modo geral de tudo. Que vai da boca da atriz cheia de botox à fatias de queijo mussarela que comprei na padaria. Era mussarela pura? Sempre sinto um gostinho de batata em alguns queijos. O que você diz, tem verdade absoluta, ou você quer que alguém acredite? Há um lado bom nisto, quando se usa palavras para o bem, para se fazer acreditar em algo leve.

O que dizem as palavras?

Leio uma infinidade de frases feitas e nem sempre bem colocadas. Tenho a impressão que alguns autores se remexem no túmulo. Sabe aquela vontade súbita que a gente tem de atingir as pessoas com as palavras alheias? Pois é disso mesmo que falo. Creio em Deus pai!
Conheço uma música de Chico Buarque chamada "Palavra". Como tudo dele é primoroso, esta é uma delas. Se puder, veja, ouça e leia com atenção. 'Papai' Google deve ter algo sobre.

Admiro muito as pessoas que sabem escrever, mas que escrevem simplesmente, sem querer virar um best seller, ou uma lenda da literatura. Mas, admiro mais ainda quem sabe interpretar uma frase, um texto, um livro... Isso sim é demasiadamente preciso. E não adianta, cada um vai interpretar de forma diferente. Cada ser vai acreditar de um modo diferente. E quem disse que tudo que lemos e interpretamos é verdade? ou mentira?
Você pode dizer numa frase singela: "Querida, estou com saudades de você" E essa frase não ser verdadeira, ela está lá escrita, mas e o sentimento é real?
A superficialidade humana aflorou depois dos sites de relacionamentos na web. Eu acho. Geralmente e momentaneamente estou preferindo o modelo antigo de encontrar as pessoas, ri com elas, achar chatas, invejosas ou amadas. Natural de cada um. Parece que fica menos difícil você se chocar com uma mentira, uma falsidade contida ou elevada sobre as coisas e as palavras ditas. Tem a história do olho no olho, a pausa da fala e os gestos. Sou uma PHD em observar isso nas pessoas. Elas nem notam, mas eu 'leio' feito uma cigana lendo as mãos. E claro, como toda cigana, a gente duvida muito mais do que acredita, né?

Fugir ou ficar?

Mas, assim, não vou me isolar do mundo por achar que as coisas não existem, elas existem sim. O ser humano, eu, você, seu amigo, todos nós existimos em determinado espaço, lugar, língua, jeito e gosto pra vinho ou cachaça. Se o vinho é puro, se a cachaça é barata, aí vai do gosto do freguês ou da 'nota' que ele acredita e pode pagar. Ando até duvidando dos finais das novelas, do Papa, do caminho que o dinheiro leva até chegar e beneficiar instituições de caridade, nos óculos Ray Ban, da água das praias de Natal, da 'justiça' que de cega não tem nada, da moça na esquina rodando a bolsa, do que diz as letras miúdas nas embalagens de biscoito recheado, na massa do pão e no diabo que o amassou, do homem amado, das notas no boletim da filha, dos testes de DNA... Ah! Cansei. Tudo pode ter um fundo de verdade. Mas, quer saber? Eu acho mentira em tudo.

Cris.

                                           *                        *                          *


Não sei se esse texto abaixo é de Martha Medeiros, mas li e gostei.

"...Fizeram a gente acreditar que casamento é obrigatório e que desejos fora de hora devem ser reprimidos.


Fizeram a gente acreditar que os bonitos e magros são mais amados, que os que transam pouco são caretas, que os que transam muito não são confiáveis, e que sempre haverá um chinelo velho para um pé torto. Só não disseram que existe muito mais cabeça torta do que pé torto.

Fizeram a gente acreditar que só há uma fórmula de ser feliz, a mesma para todos, e os que escapam dela estão condenados à marginalidade. Não nos contaram que estas fórmulas dão errado, frustram as pessoas, são alienantes, e que podemos tentar outras alternativas..."