sexta-feira, 15 de abril de 2011

Papo super sério!

 

 

Pais pedem cada vez mais ajuda para criar os filhos

ESTADãO

As famílias estão pedindo ajuda para educar suas crianças e desistiram de cumprir a tarefa sozinhas, terceirizando-a para terapeutas, pedagogos, babás e outros profissionais. Já existe até um serviço especializado em socorrer pais desorientados, o coaching family, uma opção que conquistou a Europa anos atrás e agora chega a São Paulo por meio da pedagoga Tânia Queiroz.
Toda essa dificuldade doméstica, dizem os especialistas, surge porque os pais, atualmente, têm de lidar com questões que não afetavam gerações anteriores: novos formatos de família, a falta de tempo para conviver com os filhos e a culpa que sentem por causa dessa ausência, refletida na dificuldade de impor limites. Soma-se a isso o acesso quase ilimitado das crianças às informações, sem a necessidade de adultos, tirando deles o status de fontes da experiência e do saber.
A urgência dos pais por algum tipo de ajuda está evidente para a psicopedagoga Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia. “Os pais não estão sabendo ser pais. Têm medo de colocar limites e perder o amor dos filhos. Estão confundindo limite com repressão”, afirma.
Segundo ela, os filhos percebem essa insegurança e tornam-se tiranos, fazendo com que suas vontades sempre prevaleçam. “Fazer um treinamento específico é um processo facilitador, não imprescindível. Participar das atividades que a escola oferece e se aproximar do filho, passando mais tempo com ele, já ajuda.”


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Tânia Queiroz, responsável pelo family coaching no País, propõe workshops temáticos para “fornecer recursos emocionais que os pais possam usar para melhorar o funcionamento da equipe-família”. Segundo ela, as famílias já perceberam que o mau comportamento dos filhos está relacionado à desatualização do método de educação que conheciam.
“Descobriram que precisavam de ajuda para orientá-los na educação dos filhos e harmonia familiar e que não podiam se limitar a pagar a mensalidade das escolas e presentear os filhos para compensar sua ausência”, diz.
Presidente da Sociedade Brasileira de Coaching, Villela da Matta critica o uso do termo ‘coaching’ para se referir à abordagem praticada por Tânia, já que um dos princípios dessa técnica é que o trabalho seja personalizado para as necessidades de cada indivíduo ou grupo. “Coaching é a palavra da moda e ela está sendo banalizada. Quando faço palestras e workshops para diversas famílias, faço um treinamento. Isso não é personalizado”, informa.
O método do family coaching já vem sendo aplicado nos EUA e na Europa desde a década passada e foi tema de um livro publicado no fim do ano passado pelas psicólogas portuguesas Ângela Coelho e Sandra Belo.
Independentemente do nome usado para designar a ajuda prestada aos pais, Silvio Barini, diretor do Colégio São Domingos, na zona oeste, confirma o sentimento de desorientação entre as famílias.

“Algumas têm o ímpeto muito assumido de terceirizar a educação de seus filhos e, ao serem solicitadas diante de algumas questões, dizem que vão enviar o terapeuta, o psicopedagogo ou a babá para o atendimento na escola”, constata.

Correio do Estado